A crise humana no combate ao câncer: o cuidado que está faltando

Quando o avanço não basta

Postado em 20/11/2025 por OncoGenSUS

Mesmo em um momento histórico de avanços científicos impressionantes na oncologia, um alerta urgente surge de um dos estudos mais importantes publicados recentemente: há uma crise humana silenciosa acontecendo dentro do próprio cuidado oncológico. A Lancet Oncology Commission (2025) aponta que, apesar do aumento nas taxas de sobrevivência, pacientes e famílias ao redor do mundo seguem relatando experiências de abandono emocional, falta de escuta e sofrimento evitável — um paradoxo que revela que a tecnologia evoluiu, mas a humanidade do cuidado ficou para trás.

Segundo o relatório, essa crise não está ligada à biologia do câncer, mas ao que se perdeu ao longo do caminho: significado, conexão e compaixão. Sistemas de saúde fragmentados, foco exagerado em procedimentos, desigualdades estruturais e pressões econômicas têm deixado pacientes inseguros, desamparados e invisíveis (como destacado em trechos que descrevem a “erosão de significado, conexão e compaixão” no cuidado). A ausência de apoio psicossocial, de comunicação empática e de integração real com cuidados paliativos aprofunda ainda mais esse cenário, especialmente para pessoas em contextos vulneráveis ou vivendo com doença avançada.

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Quando o avanço não basta

A Comissão também denuncia os efeitos de estruturas de financiamento e modelos de pesquisa que valorizam tecnologias de alto custo, mas negligenciam dimensões essenciais, como sofrimento emocional, qualidade de vida e dignidade no fim da vida. Intervenções de baixo custo e alta efetividade — como cuidados paliativos integrados e suporte psicológico — continuam subfinanciadas, subpriorizadas e pouco mensuradas nos sistemas de saúde.

O relatório conclui com um apelo contundente: nenhuma inovação tecnológica pode substituir um olhar atento, uma escuta verdadeira ou a presença humana. Para transformar o cuidado oncológico, será preciso reequilibrar o sistema, reformar currículos, valorizar métricas centradas no paciente, garantir acesso equitativo ao cuidado e alinhar políticas públicas a princípios de humanidade, equidade e compaixão.

A mensagem final é clara: não existe saúde de precisão sem cuidado humano de precisão. Recolocar as pessoas — suas histórias, emoções e necessidades — no centro do combate ao câncer é, hoje, uma das tarefas mais urgentes da saúde global.

Fonte:
The human crisis in cancer: a Lancet Oncology Commission

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