Vivemos tempos desafiadores do ponto de vista da profusão do conhecimento científico. Ao passo em que as novas tecnologias de comunicação habilitam avanços em todas as áreas, despejando na internet toda a sorte de soluções inovadoras, também trazem grandes desafios, a exemplo da disseminação de notícias falsas, que, especialmente no campo da saúde, podem trazer sérios riscos para a sociedade. A era da informação é também a era da desinformação, contra o que devemos unir forças para, sempre que necessário, iluminar algumas pautas e combater seus riscos associados.
No contexto do Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, uma notícia recente expôs o risco da desinformação na saúde. O Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) decidiu processar a médica Lana Almeida, que divulgou um vídeo em redes sociais afirmando falsamente que o câncer de mama não existe e encorajando as pessoas a ignorarem as campanhas preventivas. No vídeo, a médica, que não possui especialização em mastologia e atua com registro no Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA), se apresentava como "especialista" e tem mais de 10 mil seguidores no Instagram, onde a publicação foi amplamente visualizada antes da conta ser privatizada. Segundo o CBR, essa atitude pode causar danos à sociedade, desinformando sobre a importância da prevenção e detecção precoce do câncer.
Outubro Rosa e a Luta Contra a Desinformação
Ao mover uma ação civil pública, o CBR busca alertar sobre os perigos de notícias falsas, especialmente aquelas que colocam em risco a saúde da população. A entidade destacou a gravidade da afirmação, classificando-a como uma prática abusiva e prejudicial. Além disso, o CBR solicita uma indenização simbólica de 1 real para cada seguidor da médica, reforçando o impacto da mensagem sobre uma audiência ampla. O objetivo é não apenas responsabilizar a autora, mas também destacar a necessidade de compromisso ético dos profissionais da saúde ao utilizarem suas plataformas digitais.
A mamografia, um dos principais exames para a detecção precoce do câncer de mama, pode ser decisiva para a cura em até 98% dos casos quando o tumor é identificado nos estágios iniciais. Essa prática preventiva é amplamente recomendada pelas principais organizações de saúde, sendo capaz de salvar vidas e reduzir os custos e desgastes do tratamento em fases avançadas da doença. Quando mensagens falsas e alarmistas atingem o público, há o risco de que muitas mulheres deixem de fazer exames importantes, com consequências graves para a saúde pública.
Esse episódio ilustra a urgência de se combater a desinformação e promover o acesso a informações corretas e baseadas em evidências científicas. As redes sociais, com seu vasto alcance, tornam-se um palco potente para a disseminação de mensagens, mas o uso desse espaço exige responsabilidade e um compromisso com a verdade. Casos como esse reforçam a importância de que as informações relacionadas à saúde sejam validadas por instituições e profissionais qualificados.
A luta contra o câncer de mama vai além do esforço individual; é um compromisso coletivo que envolve promover o conhecimento correto e combater a desinformação. Em tempos de proliferação de “fake news”, é essencial que a ciência seja nossa aliada constante na defesa da saúde pública e na conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.
Fontes:
Site Uol Notícias "Colégio Brasileiro de Radiologia processa médica que mentiu sobre câncer" -
Veja mais neste link.
Atualizações do caso no site Terra "Justiça determina que médica que negou existência de câncer de
mama retire vídeos das redes sociais" -
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